sábado, 2 de agosto de 2014


Você pode dizer que já ficou pra trás
Pode até esquecer, dizer que não importa mais
Mas teu passado se lembra
Teu passado não esquece

E nesse inverno cruel vai puxar teus lençóis
Não se pode fugir do que faz parte de nós
Mas nossos olhos deletam
Quando se cala a voz

Fresno 

...E já era tarde, eu ia pra mais um sábado a noite sem me preocupar com o amanhã, e ele simplesmente sairá como de costume, andando sozinho, procurando silenciar sua mente.
No meio de uma rua qualquer nos cruzamos, por um segundo vi o brilho verde de seus olhos, e o tempo pareceu parar.
Naquele segundo conversamos através do olhar, contamos tudo um para o outro, os caminhos que seguímos, nossos erros, nossos medos, tudo que nos atormentava a noite, todas as lembranças, falamos de nós, confessamos a saudade, a falta, e nos pedimos o que fizemos de errado?
Em um segundo, o mundo aconteceu, no momento em que nossos olhares se cruzaram, em um segundo tudo veio a tona, em um segundo não houve barreiras, não houve medos, em um segundo nos expusemos completamente, em um segundo, o brilho dos olhos dele sumiu, ele sorrio pra mim como quem se desculpa, baixou seus olhos e se fechou mais uma vez, então seguiu seu caminho com uma garrafa e um cigarro como suas únicas companhias.
Em um segundo nenhuma palavra foi proferida, nem um gesto foi feito, mas isso nunca fora realmente necessário pra gente, nossos olhos sempre contaram muito mais que nós mesmos, queria saber pra onde ia, e o que faria com a sua vida e com sigo mesmo, mas ele se foi, deixando somente um leve rastro de fumaça e seu cheiro tão vivo em minha memória, ele havia mudado, mas seu cheiro não, as lembranças não, e no fundo acho que eu também não...

S.