terça-feira, 28 de novembro de 2017

Carta Cinco


E não importa o tempo que passe minha mente sempre me trás ao mesmo lugar, o olho do furacão, o centro de toda a confusão que eu sempre fui, aquele único lugar de calmaria em meio a tempestade que vive em mim, e sempre te encontro ali, além das barreiras, além das grades, sem armaduras ou mascaras, e cada vez mais percebo que a cada dia eu fico mais longe de tudo isso, é cada vez mais difícil chegar aqui, é mais difícil ser eu mesmo, acho que nunca mais poderei ser aquele menino outra vez.
Tenho esse sentimento constante de que algo foi tirado de mim, que algo foi perdido, e que até o momento em que seja recuperado tudo ficará incompleto e vazio, passei tanto tempo não querendo sentir nada, e quando finalmente consegui isso, descobri que é pior que a dor e a tristeza que havia antes, sabe Louise, cada dia tem ficado mais difícil, mesmo as coisas triviais de todos os dias, sair da cama, socializar, você me disse uma vez que que ficou muito de mim em você, e hoje eu só uma sombra do que eu fui um dia.

Alexander



"Quando a nossa música tocar, tu ainda vai lembrar do ritmo?
Quando o mundo me machucar, tu ainda vai querer curar minha dor?
Tua voz e tua respiração são meus sons preferidos
Mas, quando eu esquecer de viver, teu olhar ainda vai me lembrar quem eu sou"

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Carta Quatro

Sabe Louise, estava lembrando hoje de uma noite em que você me ligou bêbada, fazem vários anos, e era meio da madrugada, você estava realmente de porre naquela noite, pediu pra uma amiga sua ligar pra mim, porque você queria falar comigo, você não estava bem aquela noite, e eu conseguia te acalmar, você me disse que precisava ouvir minha voz e queria que eu te dissesse o que fazer, você estava perdida, nós estávamos perdidos, eu ainda estou.
Não sei ao certo quando aconteceu, quando fui me perdendo, perdendo meus sonhos, perdendo quem eu era, só me dei conta quando eu já não era mais eu, e vi que tão pouco de mim restou.
Hoje, mesmo não estando bêbado eu queria te ligar, ouvir sua voz, e que você me dissesse o que fazer, porque eu realmente não sei mais o que fazer e você, você é o que restou de mim, acho que é a única pessoa que poderia me trazer de volta.
Nem por um dia eu esqueço você, e toda vez que vejo você eu consigo me ver, sabe lembro de como eu era, e como eu imaginava ser, é como se você fosse o meu elo com tudo que eu queria ser e não pude, você é o único lugar pra onde eu queria voltar, eu acho que já te falei isso uma vez, das pessoas que passaram na minha vida, você é a única pra quem eu queria voltar, sempre tenho aquela sensação de o casal que continua sendo um casal, mesmo quando não é um casal, mas eu sei que não é mais assim.
Sabe e me sinto muito idiota escrevendo pra você, mas eu não consigo não sentir falta de mim, de quem eu só sei ser com você, sinto falta da gente, da sua voz rouca, do seu sorriso e suas covinhas, sua forma de me cuidar, porra eu realmente queria te ligar agora!

Como sempre e pra sempre.



Alexander

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Carta Três

É estranho como as vezes coisas boas, nos deixam poucas recordações, digo, recordações físicas, lembranças eu tenho muitas, lembra da primeira noite? Sempre gostei de clichês, mas amor a primeira vista, não acredito nisso, mas se existe algo próximo a isso, foi a conexão que tivemos aquela noite, acho que nunca encontrarei palavras pra descrever toda a intensidade. E mesmo assim só temos duas fotos juntos.
Sempre lembro de tudo quando vejo uma das fotos, e gostaria de dizer que não me arrependo de nada, mas estaria mentindo pra mim mesmo, você, a gente, sempre será o grande "e se?" da minha vida, sabe eu mudaria algumas coisas, mas prefiro não pensar nos erros do passado, porque ambos erramos, mas mesmo com erros nunca deixamos de observar um ao outro, e desejar a felicidade um do outro, e acho que isso é o mais perto de um "pra sempre" que algumas pessoas podem chegar.

Alexander

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Carta Dois

Sabe, eu gostava muito de escrever, romantizar meus dramas adolescentes, poetizar a minha dor, até mesmo conseguia ver uma certa beleza na tristeza, hoje acho que escrever é uma forma de conservar minha sanidade.
Então Louise, eu não sei quantas cartas irei escrever, mas irei escrever, não na esperança que minhas palavras mudem alguma coisa, admito que gasto muito tempo pensando em futuros improváveis em que as coisas sejam diferentes, mas não seriam essas palavras que iriam fazer que ele aconteça.
Mas escrevo pra você, porque é você, sempre foi você e continua sendo, você consegue entender até mesmo o que não digo, todas as coisas inclusas nessas palavras, você ainda pode ver através das grades?
Eu gostava muito de escrever, mas com o tempo muito foi se perdendo, acho que até mesmo eu me perdi, nem sei ao certo quando aconteceu, mas agora já não  sou mais eu mesmo, infelizmente o garoto daquela noite não tem dado as caras, não consigo mais ver beleza na minha tristeza, hoje ela só é desesperadora...

Alexander

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Carta Um


Fomos um casal improvável, né?
Desde o início suas amigas me detestaram, sua mãe me odiou e seu pai...nunca saquei bem o seu pai na verdade.
Mas a gente conseguiu, mesmo com toda a adversidade, a gente conseguiu que desse certo, até dar errado.
Sabe Louise, a dias quero te escrever, mas é absurdamente difícil pra mim escrever pra você, parece estranho, mas a minha consciência tem a sua voz, então é complicado escrever pra você, quando você me diz o que escrever. Eu sinto falta da sua voz rouca.
Sabe eu não sei ao certo o porque, mas você sempre teve um poder sobre mim, e os anos não apagam isso, os anos apagam poucas coisas na verdade, ainda trago muitas lembranças.
Lembro de pegar o ônibus nos fins de semana pra ir ver você, eram poucos minutos até chegar, mas no trajeto, tinha tempo suficiente pra pensar em tudo que poderia acontecer, nos dias que se seguiriam, na vida que seguiria, todo um futuro pra gente, lembro de sentir o coração acelerar quando descia do ônibus e via você me esperando.
Lembro de passar uma tarde vendo aquele filme infantil de que eu não lembrava a história, e sempre tirar com a sua cara porque " Meu como você não viu esse filme?!", você dizia me odiar, mas com seus olhos sorrindo pra mim.
Ah Louise, tenho tanta coisa guardada em mim!
Queria estar naquele ônibus agora, com toda a ansiedade, todo o nervosismo, porque eu sabia, que aquele ônibus, me levaria pra onde eu sempre queria voltar.



Alexander

terça-feira, 15 de março de 2016



...Primeiro foram as borboletas, as primeiras que o deixaram, levando um pouco do brilho verde de seus olhos, foram elas que abriram a porta pra que tudo mais saísse, e sem perceber, sem ao menos perceber tudo foi se perdendo.
Ele se perdeu, perdeu tudo que o tornava ele, o ar de criança travessa, o riso fácil, a alegria que emitia, os olhos que te convidavam pra mais uma noite de diversão, aquela energia que te fazia querer ele por perto para sempre, seus planos, sua alma, seus sonhos, aquele garoto sonhador cheio de idéias e planos, simplesmente se perdera, e só restou um oco, um eco do que ele foi um dia.
Ele ainda era igual, tinha o mesmo sorriso torto, o mesmo olhar de quem vive em um mundo longe daqui, ainda parava do mesmo jeito com as mãos nos bolsos, tinha o mesmo cheiro, ainda parecia feliz, mas ele não era mais o mesmo.
Ele foi ferido, ele foi quebrado, foi roubado dele mesmo, acabaram os sonhos, os planos e por fim a sua esperança, sua fé nas pessoas, e ele foi deixado ali, em meio a garrafas vazias, cafés mau pagos, com um maço de cigarros nas mãos.
E pela primeira vez, ele deixou de procurar o melhor das coisas, porque simplesmente não havia, e ele se permitiu ver as coisas como realmente eram, ele não era nada além de mais um pessoa vazia, rodeado por outras pessoas vazias, em um mundo sujo e apodrecido...e isso, o destruiu...

S.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015



E há uma porção de coisas que queria dizer-te
Um tanto de palavras, um bocado de dores.
Queria atirar-te minhas palavras mais duras.
Gritar dizer, que não costumas ouvir.
Atingir-te com o frio de minhas palavras.
Empurrar-te goela a baixo todos os sentimentos verbalizados.
Te fazer entender, te fazer saber, de todas as minhas verdades.
Sufocar-te, com as palavras que tomam minha mente.
Eu queria...queria mas assim como o amor, 
não posso obrigar-te a sentir a dor.

S.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015



Foi quando ela me disse "Eu não te odeio, rapaz
Eu apenas quero salvar você, 
enquanto ainda resta alguma coisa para salvar"
Foi quando eu disse " Eu te amo, garota
Mas não sou a resposta para as perguntas que você ainda tem."

Rise Against

sábado, 7 de novembro de 2015



... E eu só podia observar, por mais que me importasse por mais que eu quisesse, não havia nada que eu pudesse fazer, ele era assim, não aceitaria que ninguém se lança-se em meio a sua confusão pra resgata-lo, era doloroso, ver a forma com que se consumia, o quanto tentava repetir a si mesmo que tudo ficaria bem, que tudo estava bem. Mas os seus olhos nunca negariam, nunca esconderiam, e eles gritavam, eles precisavam de alguém, eles precisavam de ajuda, mas eu sabia que qualquer palavra, qualquer toque, seriam o suficiente pra destruí-lo de vez.
Mesmo que não completamente, eu sabia como sua mente era, e como era a confusão ali, e eu sabia que ele tinha que encontrar suas próprias respostas, ele tinha que lembrar, porque havia uma vida antes, e ele só não recordava como ela era...

S.


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu odeio'



Recentemente descobri que eu odeio você.
E recentemente descobri que odeio o fato, de ódio se confundir tanto com o amor.
Odeio a forma como você me desarma, me descobre, me desvenda, odeio esse poder que tem em mim.
Odeio quando se afasta, quando some, quando não fala, e minha própria consciência grita pra mim, com essa sua voz rouca, que me é tão familiar.
Odeio quando chora, odeio não poder ajudar, e odeio por já ter sido seu motivo, acho que odeio não ser mais o motivo também.
Odeio quando não me procura, quando esconde, quando se esconde. Odeio ter que esperar o próximo porre pra que possamos ser eu e você de verdade, odeio essas armaduras que insistimos em usar.
Mas, eu odeio, eu odeio que tenha ficado tanto de mim em você, que hoje seja tão eu, quando o que eu mais precisava era de você.

S.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015



...E ela, já não era mais a sua pequena, e nem ele o menino dela.
Mas naquele momento entre o agora, e o para sempre, de uma forma estranha, eles ainda se pertenciam...

S.