...Primeiro foram as borboletas, as primeiras que o deixaram, levando um pouco do brilho verde de seus olhos, foram elas que abriram a porta pra que tudo mais saísse, e sem perceber, sem ao menos perceber tudo foi se perdendo.
Ele se perdeu, perdeu tudo que o tornava ele, o ar de criança travessa, o riso fácil, a alegria que emitia, os olhos que te convidavam pra mais uma noite de diversão, aquela energia que te fazia querer ele por perto para sempre, seus planos, sua alma, seus sonhos, aquele garoto sonhador cheio de idéias e planos, simplesmente se perdera, e só restou um oco, um eco do que ele foi um dia.
Ele ainda era igual, tinha o mesmo sorriso torto, o mesmo olhar de quem vive em um mundo longe daqui, ainda parava do mesmo jeito com as mãos nos bolsos, tinha o mesmo cheiro, ainda parecia feliz, mas ele não era mais o mesmo.
Ele foi ferido, ele foi quebrado, foi roubado dele mesmo, acabaram os sonhos, os planos e por fim a sua esperança, sua fé nas pessoas, e ele foi deixado ali, em meio a garrafas vazias, cafés mau pagos, com um maço de cigarros nas mãos.
E pela primeira vez, ele deixou de procurar o melhor das coisas, porque simplesmente não havia, e ele se permitiu ver as coisas como realmente eram, ele não era nada além de mais um pessoa vazia, rodeado por outras pessoas vazias, em um mundo sujo e apodrecido...e isso, o destruiu...
S.