sábado, 31 de agosto de 2013



....Já não lembrava de quanto tempo fazia desde que o tinha visto da última vez, mas lembrava muito bem dele, de como ele era, a forma como andava, até mesmo a forma com que parava, com as mãos no bolso , assim de um jeito só dele, com as mãos no bolso e o olhar distante. Lembrava também do olhar cinzento da última vez que o vira, o mais voltado pra dentro de si em muito tempo, mas acho que ninguém além de mim notava isso, não era assim tão fácil interpreta-lo, lê-lo era difícil, mas divertido, muitas entrelinhas a serem vistas e portas a serem destrancadas.
Mas agora, olhando assim distraidamente ele pareceria igual, mas ele havia mudado, seus olhos mostravam isso, o brilho verde estava de volta, e junto com ele aquele sorriso torto no canto da boca, ele estava ali parado, seu cigarro e seus pensamentos, tão sereno como a tempos não se via, mais leve, sabe? Como se tudo tivesse em seu lugar, como se ele estivesse completo, e realmente acho que ele estava, completo e disposto a impedir que qualquer coisa entrasse em seu mundo, que qualquer coisa tirasse outra vez o brilho de seus olhos, lhe tirasse a paz.
O cigarro deixou um rastro de fumaça quando ele o largou, pôs as mãos nos bolsos e sorrio quando ela se aproximou, ele a beijou e de mãos dadas saíram calmamente pela rua, fiquei observando até desaparecerem dobrando uma esquina, e pensando em tudo, foi fácil saber, que ele encontrara seu ponto de paz..... 


S.

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