sábado, 5 de julho de 2014


...E ele nunca deixaria que soubessem, não deixava transparecer, ao menos não da forma que qualquer um fosse ver. Mas eu o conhecia bem de mais para não notar as suas mudanças, mudanças tão sutis, mas que quase gritavam para quem soubesse ouvir.
Conheço seus limites, e sei muito bem quando eles se aproximam, o vi trocar seus cafés pelo destilado, passar de um maço do seus cigarros, para dois, o brilho dos seus olhos verdes, ceder pra uma sombra de tristeza. Eu o vi, se fechar, aos poucos, os sorrisos sumirem, e uma culpa se formando dentro de si, vi quando as lágrimas que ele não deixou rolarem, se formaram em uma tarde cinza, e todas os seus pedaços se afastarem mais uma vez, prestes a cair. 
Eu vi tudo isso, e nunca entendi como só eu podia ver isso, como só eu posso ouvir o seu silêncio que grita, como só eu que percebo seus olhos mudarem, como só eu....
S.

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