sexta-feira, 25 de setembro de 2015



...E enquanto todos dormem, mais uma vez sozinho ele espera o nascer do sol, observando toda a cidade, esperando que com o novo dia possa encontrar o lugar a qual pertence, esperando que o torpor de sua alma desapareça junto com a escuridão da noite, esperando que o novo dia seja mesmo novo.
Perdido em pensamentos como as pontas de cigarro perdidas ao seu redor, sentado com uma garrafa nas mãos procura se encontrar, qualquer rastro, qualquer traço, do que foi um dia, o ponto na trilha em que se perdeu.
Os olhos mareados mostram o quanto se tornou difícil passar pelos dias, como é doloroso ser puxado para todos os lados no seu turbilhão de pensamentos, na sua tempestade de emoções, sentado ali, bebendo com seus medos, e suas aflições ele só queria em fim poder explodir, deixar toda a dor, todo o medo, toda a tristeza, e toda a raiva saírem, explodir em lágrimas, explodir em fúria, o que fosse só queria se libertar de tudo que o prendia. Queria acabar com aquela garrafa e criar forças, criar coragem, e poder em fim falar tudo que sua mente não parava de gritar, mas...Ele sabia que ao verbalizar sentimentos, tudo se torna mais forte, tudo se torna real, e ele sabia que ele não suportaria a força de suas próprias palavras.
A noite logo chegaria ao fim, a garrafa chegaria ao fim, seus cigarros, tudo acabaria, mas nesse momento, ele só queria que Setembro chegasse ao fim...

S.

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