quinta-feira, 25 de dezembro de 2014


...E quando a noite o convida a dançar e se perder, ele se mantém ali, em meio a penumbra da fumaça, o tintilar do gelo em seu copo, o ar frio da noite, a observar a lua, sentindo o silêncio do mundo e tentando calar as vozes dentro de si mesmo.
Quando os gritos surgem o brilho dos olhos desaparece, e o vazio preenche todos os espaços, assim como as lágrimas que ele não deixa cair, ocupam os olhos, na mesma medida em que os copos se tornam fortes e seu espírito enfraquece, até se partir e só restar o vazio....

S.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


...Eu sabia que quando a noite chegasse ele poderia por alguns segundos, respirar, se reencontrar dentro de si mesmo, olhar o intenso daqueles olhos verdes de um garoto sonhador, que ele havia sido anos atrás.
Ele olha no espelho e se sente pequeno, pensa nos seus passos até aqui, e se pergunta se foram certos, onde os próximos o levaram? Por alguns instantes ele sorri, ele lembra de suas histórias, seus amores, seus planos, quase posso ver aquele meio sorriso que ele sempre me lançava, os olhos se estreitando um pouco e ele perdendo o jeito.
Tão estranho lembrar tão vivamente de algo que há tempos não vejo, o riso leve, a falta de preocupação com o futuro, um sonhador, que acredita que tudo sempre vai ficar bem, mas em segundos tudo isso desaparece e ele deixa seu corpo cair no seu abismo particular, os aromas de café e cigarros o rodeiam e trazem um pouco de conforto pro seu coração.
O tempo passa, minutos, horas, até que ele se levanta mais uma vez, veste sua armadura, e vai em busca do riso artificial, e a alegria superficial que a noite lhe convida a beber....

S.

"Quando ta escuro, e ninguém te ouve.
Quando chega a noite e você pode chorar.
Há uma luz no túnel, dos desesperados.
Há um cais de porto, pra quem precisa chegar.
Eu tô na lanterna dos afogados,
eu to te esperando.
Vê se não vai demorar.
Uma noite longa, pra uma vida curta.
Mas já não me importo.."

Paralamas

sexta-feira, 17 de outubro de 2014


...Eu sempre o vi bebendo sozinho, com seus cigarros e pensamentos, mas, não da forma com que vinha acontecendo, ela me dava medo, ele, tinha medo, podia ler isso no seu rosto, sentia isso.
Ele já não era mais o mesmo e tinha medo do que estava se tornando, ele nem ao menos sabia o que estava se tornando, ou onde ele havia se perdido e isso o assustava, tirava seu centro e o mandava ao velho redemoinho de confusão.
Ele sentia dor, angústia, mas nunca deixava transparecer, e isso o enlouquecia aos poucos, tudo ao seu redor se tornava cinza e sombrio como em uma tarde chuvosa, mas o único lugar em que a tempestade caia, era dentro dele mesmo, eu sentia....

S.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014



...E conhecer ele, da forma com que eu conhecia. Sempre era complicado, sempre ficava com medo, mais por ele, do que por qualquer outra pessoa.
Ele era imprevisível, impulsivo, e silencioso, isso sempre te deixa com o pé atrás, né?!
E a tempos o via se saturando, de coisas nenhuma e tudo ao mesmo tempo, ele sempre se fez de forte, como se nada o abalasse, como se nada pudesse invadir o seu pequeno universo particular, mas ele era só mais uma pessoa, como qualquer outra, se fechando até que alguém conseguisse o libertar, eu sabia disso, todo mundo deveria ver, mas ninguém podia ver, os muros dele eram altos de mais.
Eu sentia, quando ele começava a se perder, ouvia ele gritando, suplicando, via seus olhos escurecerem, a cada dia mais, assim como vi ele chegando ao seu limite, e tive medo, medo por ele, pelo sei pequeno universo desabando, e por tudo que seria consumido ao seu redor quando ele explodisse, e ele ia explodir, via isso tão claramente como um mostrador de uma bomba, e eu sentia os segundo se acabando, eu sabia que aconteceria. Só não sabia, se ele explodiria em lágrimas ou em ódio....
S.

sábado, 2 de agosto de 2014


Você pode dizer que já ficou pra trás
Pode até esquecer, dizer que não importa mais
Mas teu passado se lembra
Teu passado não esquece

E nesse inverno cruel vai puxar teus lençóis
Não se pode fugir do que faz parte de nós
Mas nossos olhos deletam
Quando se cala a voz

Fresno 

...E já era tarde, eu ia pra mais um sábado a noite sem me preocupar com o amanhã, e ele simplesmente sairá como de costume, andando sozinho, procurando silenciar sua mente.
No meio de uma rua qualquer nos cruzamos, por um segundo vi o brilho verde de seus olhos, e o tempo pareceu parar.
Naquele segundo conversamos através do olhar, contamos tudo um para o outro, os caminhos que seguímos, nossos erros, nossos medos, tudo que nos atormentava a noite, todas as lembranças, falamos de nós, confessamos a saudade, a falta, e nos pedimos o que fizemos de errado?
Em um segundo, o mundo aconteceu, no momento em que nossos olhares se cruzaram, em um segundo tudo veio a tona, em um segundo não houve barreiras, não houve medos, em um segundo nos expusemos completamente, em um segundo, o brilho dos olhos dele sumiu, ele sorrio pra mim como quem se desculpa, baixou seus olhos e se fechou mais uma vez, então seguiu seu caminho com uma garrafa e um cigarro como suas únicas companhias.
Em um segundo nenhuma palavra foi proferida, nem um gesto foi feito, mas isso nunca fora realmente necessário pra gente, nossos olhos sempre contaram muito mais que nós mesmos, queria saber pra onde ia, e o que faria com a sua vida e com sigo mesmo, mas ele se foi, deixando somente um leve rastro de fumaça e seu cheiro tão vivo em minha memória, ele havia mudado, mas seu cheiro não, as lembranças não, e no fundo acho que eu também não...

S.

quarta-feira, 30 de julho de 2014


...E ele ficava assim em meio a penumbra, os rastros de fumaça e o aroma de café, com um ar perdido e os olhos mareados, conversava com sigo mesmo, questionava suas razões, os seus porquês, não sabia mais ao certo, os caminhos que o levaram até ali, e se de fato era ali, se era assim que queria estar.
Uma inundação de pensamentos e medos, foi surgindo com o tempo, tão lentamente quanto as cheias das mares, sutil, pra muitos imperceptível, veio sem aviso, como aquelas chuvas no verão, mas pra ele, não desapareciam na mesma velocidade que chegavam.
Eu sabia como as coisas aconteciam dentro dele, como ele as prendia lá, até não suportar mais e explodir, uma bomba relógio, era assim que ele me parecia nos dias que vinham se passando, mas sobre tudo perdido em si mesmo.
Não era isso que ele queria, não era assim que se via, não era o que imaginava, estava perdido, e exausto, sem respostas, sem saber o que fazer com o que a vida tinha se tornado. Eu vi os caminhos que tomou, tempos depois de ter me atirado em seu redemoinho de confusões e quase me afogar, acho que parte dele ficou em mim, me permitiu senti-lo sempre, em qualquer tempo ou distancia, e agora eu sinto, e sei que ele...


S. 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Você quer que eu seja sério
Você quer que eu seja responsável
Você quer que eu seja um cara legal pra você todo dia
Mas aqui não é um filme, você sabe
onde o mundo gira em torno de você
Aqui na América Central a vida cheira
A sangue, ouro e pólvora....

Tequila Baby

sábado, 5 de julho de 2014


...E ele nunca deixaria que soubessem, não deixava transparecer, ao menos não da forma que qualquer um fosse ver. Mas eu o conhecia bem de mais para não notar as suas mudanças, mudanças tão sutis, mas que quase gritavam para quem soubesse ouvir.
Conheço seus limites, e sei muito bem quando eles se aproximam, o vi trocar seus cafés pelo destilado, passar de um maço do seus cigarros, para dois, o brilho dos seus olhos verdes, ceder pra uma sombra de tristeza. Eu o vi, se fechar, aos poucos, os sorrisos sumirem, e uma culpa se formando dentro de si, vi quando as lágrimas que ele não deixou rolarem, se formaram em uma tarde cinza, e todas os seus pedaços se afastarem mais uma vez, prestes a cair. 
Eu vi tudo isso, e nunca entendi como só eu podia ver isso, como só eu posso ouvir o seu silêncio que grita, como só eu que percebo seus olhos mudarem, como só eu....
S.

quarta-feira, 25 de junho de 2014


O relacionamento duradouro é correspondente 
ao nível de tolerância
que a pessoa tem em se decepcionar com a outra sem desistir

PC Siqueira

segunda-feira, 16 de junho de 2014



...E quase o ano inteiro
Os dias foram noites
Noites para mim
Meu sorriso se foi
Minha canção também
Eu jurei por Deus
Não morrer por amor
E continuar a viver...
...Um pobre diabo é o que sou...

Ira!

sábado, 7 de junho de 2014


....E toda vez que o frio chega, e quando ele se encontra de frente com quem ele era, olha no espelho e vê a pessoa que deixou pra trás, a pessoa que perdeu em meio aos seus caminhos.
Eu o vejo pelas ruas, sabe, vez e outra, ele sempre parece o mesmo, o cigarro, os olhos distantes, e verdes, sem brilho, mas ainda verdes. Pra quem não o conhece bem ele pareceria muito indiferente ao mundo ao seu redor, mas, eu sei, o quanto ele se importa, o quando ele sente. Quando a noite cai, e seus cafés e cigarros, não lhe amenizam a dor...Eu sinto, quando o silêncio dele grita, eu posso ouvir, eu vejo a lágrima que ele não deixa rolar, seu sorriso de tristeza, e o riso de dor.
Eu sempre soube, sempre senti, quando a dor o corroê, quando ele perde o chão, quando se perde, sempre soube, como ele se fecha pra não deixar ninguém entrar na sua dor, como ele se tranca pra não arrastar ninguém pra sua depressão. Sempre soube, mas nunca pude fazer nada.....
S. 

...Todo dia ele toma um gole
Pra esquecer tudo que deixou pra trás
Todo dia ele se arrepende de não ter
Feito o que era capaz
Vê que a vida que leva não é a mesma
E essa rotina já não satisfaz 
Todo dia isso se repete e ele procura
Encontrar a sua paz...
Nx Zero

sábado, 24 de maio de 2014


Mesmo os mais fortes às vezes não encontram uma saída
Mesmo os mais sábios às vezes não encontram uma saída
Vivendo e aprendendo a viver
Com os contrastes da vida
Quando tudo se torna previsível 
E não se espera mais da vida

Charlie Brown Jr

quinta-feira, 1 de maio de 2014


Dos cafés, absorvi sabores.
Dos amores, destilei as dores.
Das dores a inspiração.

S.

segunda-feira, 28 de abril de 2014



Querem me incomodar
Tentam me ver gritar
Sou como uma pedra
Palavras não me tocam

E dentro há um vulcão
Pronto a estourar
Queria estar tranquilo

Vera Loca

sábado, 15 de março de 2014


Toda vez que penso em você
Eu sinto passar por mim um raio de tristeza
Não é um problema meu, mas é um problema que achei
Vivendo uma vida que não posso deixar pra trás
Não faz sentido em me dizer
"A sabedoria de um tolo não vai te libertar"
Mas é assim que as coisas são
E o que ninguém sabe...

New Order


Não se perguntar "e se?", não significa esquecer.
A gente tenta não pensar, já não fica remoendo, não permite que doa,
mas a gente lembra, sente falta, sente carinho, traz a lembrança.
A gente sempre lembra.

S.

sábado, 8 de fevereiro de 2014




E no fim das contas é só indiferença...
É ela que corroê, ela que machuca, ela que limita, ela que mata e destrói....
Tudo que há de bom em mim...

S. 

sábado, 4 de janeiro de 2014



.....E talvez ele fosse mesmo dado as nostalgias, as lembranças, ao antigo.
Sempre guardava coisas de mais, lembrava de coisas de mais...
Mas ele sempre fora assim, uma alma antiga, em um corpo jovem...
Um aglomerado de lembranças, momentos e caminhos traçados...
Dores e traumas, risos e alegrias, histórias, tantas histórias...
Até mesmo seus olhos, seu riso e seu cheiro remetem ao passado...
Ao que se perdeu e não pode mais ser vivido, a não ser em seu mundo particular...
Onde tudo era como outrora, somente as boas lembranças, e bons momentos...
Então, como não se perder nesse universo? Como não ceder a nostalgia?
Como não lembrar de uma noite, uma rua, um momento, o cheiro envelhecido de cafés e cigarros,
sempre lhe fizera voltar, sempre ou fizera lembrar dos caminhos, 
e nunca o deixariam esquecer, de quem ele era..... 


S.


....E enquanto os céus rugiam, ele sorria, sempre fora assim, quando mais caótico o mundo lá fora, 
mais calmo era em seu interior.
Antes mesmo da tempestade surgir ele já a sentia vindo, calma e lentamente, fechava os olhos, sentia 
o vento bater, podia ver o aglomerado negro de nuvens se formando, e encontrava paz e quietude dentro de si.
Era incrível observar o verde dos seus olhos ganhando cada vez mais brilho, cada vez mais vida a medida que a tempestade se aproximava, não havia dor, não havia medo, somente a paz, quisera eu poder entrar em sua mente nessas horas, e ver o que se passava lá, saber no que pensa, sentir o que sente.
Uma tragada lenta, mais um gole de café, e então ele sorria enquanto o mundo lá fora desabava......


S.